segunda-feira, 8 de março de 2010

Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil

Sinopse

Existe um esquema repetido para contar a história do Brasil, que basta misturar chavões, mudar datas ou nomes. Nesse livro, o jornalista Leandro Narloch prefere adotar uma postura diferente que vai além dos mocinhos e bandidos conhecidos.


Leite Derramado

Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.

Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos. A visão que o autor nos oferece da sociedade brasileira é extremamente pessimista: compadrios, preconceitos de classe e de raça, machismo, oportunismo, corrupção, destruição da natureza, delinquência.
A saga familiar marcada pela decadência é um gênero consagrado no romance ocidental moderno. A primeira originalidade deste livro, com relação ao gênero, é sua brevidade. As sagas familiares são geralmente espraiadas em vários volumes; aqui, ela se concentra em 200 páginas. Outra originalidade é sua estrutura narrativa. A ordem lógica e cronológica habitual do gênero é embaralhada, por se tratar de uma memória desfalecente, repetitiva mas contraditória, obsessiva mas esburacada.
O texto é construído de maneira primorosa, no plano narrativo como no plano do estilo. A fala desarticulada do ancião, ao mesmo tempo que preenche uma função de verossimilhança, cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não-ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar.
Em suas leves variantes, as lembranças obsessivas revelam sutilezas ideológicas e psíquicas. E, como essas lembranças têm forte componente plástico, criam imagens fascinantes. É o caso do “vestido azul” comprado pelo pai para a amante, objeto de alta concentração significante. Esse objeto se expande, no nível da narrativa, como índice de elucidação da intriga, no nível fantasmático, como obsessão repetitiva do filho, e no nível sociológico, como ilustração dos usos e costumes de uma classe. Tudo, neste texto, é conciso e preciso. Como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo.
Há também um jogo com os espaços onde ocorrem os acontecimentos narrados. As várias casas em que o narrador morou, como as décadas acumuladas em suas lembranças, se sobrepõem e se revezam. Recolocá-las em ordem cronológica é assistir a uma derrocada pessoal e coletiva: o chalé de Copacabana, “longínquo areal” dos anos 20, é substituído por um apartamento num edifício construído atrás de seu terreno; esse apartamento é trocado por outro, menor, na Tijuca; o palacete familiar de Botafogo, vendido, torna-se estacionamento de embaixada; a fazenda da infância, na “raiz da serra”, transforma-se em favela, com um barulhento templo evangélico no local da velha igreja outrora consagrada pelo bispo. Embaixo da última morada do narrador, nesse “endereço de gente desclassificada”, está o antigo cemitério onde jaz seu avô.
Percorre todo o texto, como um baixo contínuo, a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu “olhar em pingue-pongue”, suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Os preconceitos e o ciúme doentio do homem barram a realização plena da mulher e levam-na a um triste fim, que, por não ter nem a certeza nem a teatralidade dos desfechos de uma Emma Bovary ou de uma Ana Karênina, tem a pungência de um desastre. Embora vista de forma indireta e em breves flashes, Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível.
O fato de nem no fim da vida o homem compreender e aceitar o que aconteceu torna seu drama ainda mais lamentável. Os enganos ocasionados por seu ciúme são tragicômicos, e o escritor os expõe com uma acuidade psicológica que podemos, sem exagero, qualificar de proustiana.
Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, também se sustentam como personagens consistentes: o arrogante engenheiro francês Dubosc, que a tudo reage com um “merde alors”; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, “toca” piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias. É espantoso como tantas personagens conseguem vida própria em tão pouco espaço textual. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.

A Invenção do Ar.

A invenção do ar
Uma saga de ciência, fé, revolução e o nascimento dos Estados Unidos

Steven Johnson SINOPSE


"Livro fascinante." Bill Clinton

Com prosa elegante e raciocínio arguto, o autor faz o link entre inovações do passado e revoluções do presente. Essa é uma saga que vai do interior da Inglaterra aos recém-criados Estados Unidos; de experimentos feitos na pia da cozinha a multidões enlouquecidas destruindo laboratórios; da celebração de um homem como cientista à sua execração como teólogo.

Seguindo o modelo de seu best-seller O Mapa Fantasma, Johnson integra aqui a vida e os feitos do pensador britânico Joseph Priestley em uma extensa história. Gramático, divulgador científico, químico, físico, inventor, teólogo, teórico político, grande amigo de Benjamin Franklin e referência espiritual de Thomas Jefferson, Priestley – segundo o autor – é “a coisa mais próxima de um herói”. Ao descobrir que as plantas consomem gás carbônico e produzem oxigênio, esse “herói” do século XVIII não apenas ajudou a “inventar” o ar, como mudou a nossa forma de viver e pensar.

“Assim como Priestley, Johnson também é multifacetado e tem uma cultura enciclopédica impressionante. É sempre eletrizante pegar carona em suas locomotivas de pensamento.” Los Angeles Times.

Veja a explicação de Steven Johnson sobre esse livro:



domingo, 2 de agosto de 2009

Mentes Perigosas


Mentes Perigosas. Autora: Ana Beatriz Barbosa Silva. Editora: Objetiva. Edição: 2008


Sinopse obtida do site da editora:

Normalmente a psicopatia é associada a pessoas violentas, com aparência de assassinas e que podem ser facilmente identificadas. Mas, diferentemente do que se costuma acreditar, psicopatas, em sua grande maioria, não são necessariamente assassinos. Em Mentes Perigosas, a médica psiquiatra Ana Beatriz B. Silva alerta para o fato de que os psicopatas podem permanecer por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos. “Eles Transitam tranqüilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, freqüentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, dormem na mesma cama... Apesar de mais de vinte anos de profissão, ainda fico muito surpresa e sensibilizada com a quantidade de pacientes que me procuram com suas vidas arruinadas, totalmente em frangalhos, alvejadas por esses seres”, diz ela.

Segundo a autora, os psicopatas são 4% da população: 3% são homens e 1% mulher. Ou seja, a cada 25 pessoas, uma é psicopata. E como seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos, eles não são considerados loucos, não sofrem de alucinação ou apresentam sofrimento mental. Vivem incógnitos, em todos os setores sociais. São homens, mulheres, de qualquer raça, credo ou nível social. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das outras pessoas. Apenas em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Em sua grande maioria, eles não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns. No entanto, são desprovidos de consciência e, portanto, destituídos do senso de responsabilidade ética, que é a base essencial das relações emocionais. “Sei que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menor sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguém. Admitir que existem criaturas com essa natureza é quase uma rendição ao fato de que o ‘mal’ habita entre nós, lado a lado, cara a cara”, explica a autora.

Ana Beatriz alerta no livro para o poder destrutivo dos psicopatas, que manipuladores, perversos e desprovidos de culpa, remorso ou arrependimento, são capazes de passar por cima de qualquer pessoa para satisfazer seus próprios interesses: “Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas [em sua maioria] não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloqüentes, ‘inteligentes’, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade”.

Segundo o psiquiatra canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos - a parte cognitiva ou racional é perfeita -, ou seja, sabem perfeitamente que estão infringindo regras sociais e por que estão fazendo. O déficit deles está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravessa o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio íntimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultados de uma escolha exercida de forma livre e sem qualquer culpa. A mais evidente expressão da psicopatia envolve a flagrante violação criminosa das regras sociais - eles sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional: “Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia”, esclarece a psiquiatra.

Baseados em histórias reais relatadas à autora por vítimas de psicopatas, direta ou indiretamente, e em casos tratados com destaques na imprensa, os exemplos citados em Mentes Perigosas ilustram de forma bastante didática comportamentos que um psicopata típico teria: “Além disso, todos os casos apresentados se prestam muito bem à exemplificação dos mais diversos níveis de psicopatia, desde os mais leves até os moderados e severos. Dessa forma, tentei esquadrinhar e tornar o tema o mais abrangente possível, a fim de responder a uma série de perguntas que, na maioria das vezes, nos deixam absolutamente confusos. Assim espero contribuir para que as pessoas se previnam das ameaças que nos rondam de forma silenciosa. Estou convencida de que falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais são dados importantes e merecem estudos aprofundados e toda a nossa atenção, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia”.


Vídeo da autora no programa Alternativa Saúde sendo entrevistada por Patrícia Travassos.


sábado, 1 de agosto de 2009

1808



1808 - Como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a História de Portugal e do Brasil.

Autor: Laurentino Gomes. Editora: Planeta. Edição: 2007.

SINOPSE de acordo com o site da livraria Travessa.

A fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro ocorreu num dos momentos mais apaixonantes e revolucionários do Brasil, de Portugal e do mundo. Guerras napoleônicas, revoluções republicanas, escravidão formaram o caldo no qual se deu a mudança da corte portuguesa e sua instalação no Brasil. O propósito deste maravilhoso livro, resultado de dez anos de investigação jornalística, é resgatar e contar de forma acessível a história da corte lusitana no Brasil e tentar devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que desempenharam duzentos anos atrás. Escrita por um dos mais influentes jornalistas da atualidade, 1808 é o relato real e definitivo sobre um dos principais momentos da história brasileira.


Entrevista do autor ao Instituto Internacional de Ciências Sociais.



Considerações pessoais:

Creio ser importante, antes de qualquer consideração, ressaltar que o autor do livro não é um historiador, mas um jornalista. Isto não tira, em absoluto o valor da obra, mas dá um enfoque jornalístico investigativo que é um viés certamente diferente daquele que daria um historiador. Afinal, as metodologias de ambos são, acredito, diferentes pois deverão contemplar seus objetos distintos. A investigação feita por Laurentino Gomes é exemplar e relata os fatos em detalhes permitindo que o leitor, em vários momentos, seja participante desta, digamos, aventura.
Em epígrafe, Napoleão, se suas memórias teria dito que "Foi [D. João VI] o único que me enganou". Isto se deve pelo fato de, após várias negociações, D. João, parece não ceder a Napoleão o que faz com que o exército francês invada Portugal, mas encontre um país abadonado, uma Lisboa devastada. O exército francês chega em situação de penúria e fica claro que se D . João VI tivesse permanecido em Portugal, teria tido condições de enfrentar o exército francês e muito provavelmente vencê-lo. Mas preferiu fugir. Napoleão nada pode fazer, ou seja, com o reinado agora no Brasil, Napoleão não pode tomar o reino de Portugal, que havia, na prática se tornado colônia enquanto toda a realeza estava no Brasil. Medo? Muitos defendem que esta foi uma estratégia de D. João VI. A viagem foi determinada sem tempo para se preparem, em cima da hora a decisão foi tomada e de um dia para outro todos estavam embarcando com tudo ou quase tudo que havia dentro dos castelos. Na verdade, no texto, aparecem as influências por ele sofridas principalmente pelos ingleses que os escoltaram até o Brasil em troca de muitos favores, um deles e principalmente a exploração de portos em Santa Catarina, outro dos favores, era a compra que fazíamos de produtos ingleses como por exemplo, material para esportes na neve e roupas de frio. Seria cômico se não fôsse trágico. As quantidades destes produtos eram imensas e os valores pagos por nós enormes também. Sem dúvida D. João VI trouxe progresso imediato, além do Jardim Botânico, universidades, imprensa, museu, escolas, enfim uma série de benfeitorias que elevaram e muito a vida cultural do país em especial do Rio de Janeiro. Mas não vejo isso como algo que ele tenha feito exclusivamente pela cidade, acredito que o fez por estar na cidade que se tornara sede do reino e, assim, como viver aqui sem estas instituições? Talvez, pela leitura da obra, o que fica mais forte em relação à importancia da permanencia da família real aqui no Brasil neste período foi manutenção do país nesta dimensão continental, pois, talvez, se as manifestações políticas que aconteciam, especialmente no Nordeste, tivessem se concretizado, muito provavelmente o país teria se dividido em partes que se tornariam independentes. Isso, de fato, não ter acontecido, se deve á presença da família aqui no Brasil.
As condições da viagem para o Brasil são assustadoras. A chegada deles, a maneira como todos se instalaram foi rude, grotesca e desrespeitosa. O que o Brasil já havia sido escoado em riquezas deixa qualquer um alarmado e vai além de qualquer coisa que possamos estimar. À saída deles de volta para Portugal se dá num momento onde os rumores em favor da República já eram ouvidos. Movimento que eclode com a Proclamação da República várias décadas depois.
As discussões políticas, os acordos políticos, mostram que temos uma herança muito pouco confiável do ponto de vista ético e explica um pouco do que vemos e lemos hoje nos jornais e outros meios de comunicação.
Indico a leitura desta obra, qualquer que seja a idade, tomar pé destes fatos nos faz entender melhor o que vivemos hoje no Brasil.

O Príncipe Maldito


O Príncipe Maldito. Autora: Mary del Priori. Editora: Objetiva. Edição: 2007

Resenha obtida do site da editora:

Mary Del Priore revela a trágica e fascinante história do herdeiro da família imperial escolhido para suceder o avô Dom Pedro II, último imperador do Brasil

O Brasil quase teve um terceiro imperador. Se a Proclamação da República não tivesse alterado os rumos da história que se desenhava até então, Dom Pedro III teria sido Pedro de Alcântara Augusto Luis Maria Miguel Rafael Gonzaga de Bragança Saxe e Coburgo, filho primogênito da princesa Leopoldina e de seu marido, Luis Augusto Maria Eudes de Saxe e Coburgo. Neto mais velho de D. Pedro II, Pedro Augusto nasceu no Brasil, mas morava na Áustria, de onde retornou aos cinco anos, quando morreu sua mãe, para suceder o avô.

É que a famosa princesa Isabel, primogênita do imperador e primeira na linha de sucessão ao trono, até então não conseguira engravidar e D. Pedro II temia que ela não desse um herdeiro ao trono do Brasil. Por isso, o monarca mandou vir da Europa o neto mais velho, filho de sua caçula Leopoldina, que àquela altura já dava à luz o quarto filho.

Alto, louro, de olhos azuis, Pedro Augusto parecia-se muito com o avô, a quem se ligou por laços de afeto e interesses comuns. Até os 11 anos, foi tratado na Corte, no colégio Pedro II onde estudava, e por toda parte, como futuro herdeiro. Mas eis que em 1875 nasce o príncipe do Grão Pará. Depois de dez anos e muitas tentativas, a princesa Isabel dava à luz um outro Pedro. A sucessão estava garantida. Porém, iniciava-se ali a tragédia pessoal de Pedro Augusto, personagem fascinante e até hoje obscuro, revelado agora neste livro pela historiadora Mary Del Priore.

O afastamento do menino do centro do poder em detrimento do primo, filho de Isabel com o odiado Gastão D´Eu, o Conde D´Eu, assim como a lenta conspiração que tinha por objetivo colocá-lo no trono do avô em meio à guerra política que acabou por derrubar a monarquia, dão início a mais um capítulo da história íntima da família imperial brasileira, carregado de tintas folhetinescas e inexplorado nos bancos escolares – um conto de fadas às avessas, como define no texto de orelha do livro o jornalista e escritor Eduardo Bueno, autor dos quatro volumes da coleção de história Terra Brasilis:

"Neste O Príncipe Maldito, os últimos dias do Império brasileiro e o amanhecer incerto da República desfilam na tela grande: há corpos nus, salões empoeirados, militares vacilantes que conspiram, jornalistas inflamados, nobres que arrotam, princesas que menstruam. Dá quase para sentir o cheiro do ralo enquanto o elenco de carne e osso vai construindo uma história viva, volátil, vibrante. A nossa história (...). Aqui está, de corpo inteiro e alma aberta, um 'romance de não-ficção': a vida sem obras de Pedro Augusto de Saxe e Coburgo – o príncipe que sonhou ser D. Pedro III, mas virou sapo quando o Império das circunstâncias cedeu lugar à República dos fatos."

Entrevista da autora ao repórter Roberto D´Ávila disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=baFGL4N4WsI

A incorporação foi desativada mediante solicitação

Considerações pessoais:


O livro O Príncipe Maldito, considero uma leitura obrigatória. Deveria fazer parte da bibliografia das escolas e discutido em salas de aula. O texto encerra discussões preciosas para que se entenda nossa República e o que herdamos da época do Império bem como a maneria pela qual as mudanças eram e, de forma herdada, ainda são feitas no Brasil. A História de nosso quase imperador é fascinante, escrita com maestria pela autora. Ao final do livro, não sabemos o que seria melhor para o país: Nos mantermos no regime monárquico ou optarmos pela República. Parece que esta dúvida estava presente entre os brasileiros, pois muitos, insatisfeitos com os moldes que a República se apresentava preferiam a Monarquia. De qualquer forma, é a nossa história contada de forma precisa e atraente. Não se consegue desgrudar de nenhuma página. Se eu vivesse naquela época, não ia querer Isabel como Imperatriz e muito menos o Conde d´Eu ao lado dela no poder roubando mais ainda do que ela já havia roubado. O que ele faz quando a família real é expulsa do páis mostra claramente o caráter deste sujeito que explorou ao máximo que pode os brasileiros. O convívio de indivíduos como ele no poder também seria, de certa forma, uma herança que ainda vivemos nos dias de hoje. Pode-se fazer paralelos com o que se lê, hoje, em nossos jornais. O livro é excelente, esclarecedor e abre uma curiosidade grande para que se leia mais sobre a abolição da escravidão. A abolição foi, pelo que pude ler, muita mais uma atitude política demagógica do que uma atitude realmente humanista e progressista. A falência de mais de cem fazendas, após a assinatura da Lei Áurea, mostra a total falta de estrutura humanitária na assinatura da lei que tirou os negros das senzalas e os colocou nas favelas. Considero uma leitura imperdível.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Clube do Filme


Clube do Filme. Autor: David Gilmour. Editora: Inrínseca. Ano de edição: 2009.

Sinopse obtida do site da editora:

Eram tempos difíceis para David Gilmour: sem trabalho fixo, com o dinheiro contado e o filho de 15 anos colecionando reprovações em todas as matérias do ensino médio. O autor, diante da falência, da desorientação e da infelicidade do filho-problema, faz uma oferta fora dos padrões: o garoto poderia sair da escola – e ficar sem trabalhar e sem pagar aluguel – desde que assistisse semanalmente a três filmes escolhidos por ele, o pai.

A aposta diferente resultou no Clube do Filme. Semana a semana, pai e filho viam e discutiam o melhor (e, ocasionalmente, o pior) do cinema: de A Doce Vida (o clássico de Federico Fellini) a Instinto Selvagem (o thriller sensual estrelado por Sharon Stone); de Os Reis do Iê, Iê, Iê (hit cinematográfico da Beatlemania) a O Iluminado (interpretação primorosa da Jack Nicholson, dirigido por Stanley Kubrick); de O Poderoso Chefão (um dos integrantes das listas de "melhores filmes de todos os tempos") a Amores Expressos (cult romântico e contemporâneo do coreano Wong KarWay).

David Gilmour, crítico de cinema e escritor premiado, oferece uma percepção singular sobre filmes, roteiros, diretores e atores inesquecíveis ao relatar essa vivência com olho clínico e muita sinceridade. E emociona ao mostrar aos leitores a descoberta da vida adulta pelos olhos de um jovem e os dilemas da adolescência administrados por um pai muito presente.

Considerações pessoais:

Este livro está entre os mais vendidos e muito (bem) comentado. A sinopse e as resenhas que li diziam que era a história de um pai que permite que seu filho saísse da escola, já que não queria mais estar ali, desde assitisse com ele, três filmes por semana. Permite que se entenda esta substituição como algo educativo, que iria de certa forma substituir o ensino escolar. Não vi isso no livro. Perto do que parecia (e do que eu esperava) falou-se muito pouco de filmes e muito da relação entre pai e filho e principalmente do pai. A história, grande parte do tempo, permanece em volta do pai. Há um ponto fundamental que não vejo ter sido dito em resenhas como ponto principal: o papel da grande importância que o pai desempenha na vida do filho na adolescencia. Para mim, fica esta lição do livro. O apoio que o rapaz recebe do pai permitiu que ele se mantivesse o mínimo possível dentro da realidade e tinha todos as portas abertas para entrar por caminhos de difícil retorno. Ao contrário do que parecia, os filmes promovem a solidificação desta relação, e neste ponto foi, então, fundamental. Não aparece, pelo menos para mim, a maneira pela qual os filmes suscitaram vontade no garoto. Um belo dia ele diz que quer voltar a estudar e entra para a faculdade. Entendi que isso se deu muito mais pela sua relação com a namorada do que por efeito da educação dada pelo filmes conforme sugerido pelas resenhas. O livro é bom, em alguns momentos, principalmente no final, bastante emotivo. Mas longe de ser o que se espera como algo voltado para o cinema. Pelo título, os filmes poderiam ser os personagens centrais, mas não. São meros apêndices de toda história.